Figura 1 – Igreja de São Benedito
A igreja de São Benedito, observada na figura 1, é popularmente conhecida como “igrejinha”, sendo a segunda edificação religiosa mais antiga de Campo Grande. Por conta da sua relevância histórica e cultural, a igreja foi tombada pelo município de Campo Grande, no ano de 1996 (decreto municipal nº 3.523), e também pelo Estado de Mato Grosso do Sul, no ano de 1998 (Resolução/SECE, de 07 de maio de 1998).
Segundo Eder Pereira Neves (2011), o documento de tombamento elaborado pela prefeitura de Campo Grande/MS descreve a edificação histórica
[…] como uma construção simples de 4,50m x 6,50m com uma janela de madeira e duas de vidro (tipo basculante) e três portas de madeira. O interior da igrejinha é composto por um altar mais elevado, onde está colocada a imagem de São Benedito esculpida em madeira trazida por tia Eva de sua terra natal. Esse altar é revestido com pisos cerâmicos vermelhos na dimensão 15cm x 15cm. O piso mais baixo é de cerâmica vermelha na dimensão 20cm x 20cm onde estão colocados oito bancos de madeira. No fundo da igrejinha estão enterrados, numa urna, os restos mortais de tia Eva e um dos seus netos (NEVES, 2011, p. 76).
De acordo com a memória dos moradores da comunidade, na época em que tia Eva ainda era escrava no interior de Goiás, ocorreu um acidente enquanto cozinhava: caiu banha quente em uma de suas pernas, ocasionando uma ferida que demorava a cicatrizar. Por esta razão, tia Eva, que era devota de São Benedito, fez uma promessa: se fosse curada iria erguer uma igreja ao santo devoto. Quando tia Eva e suas filhas chegaram a Campo Grande, em 1905, já com a ferida cicatrizada, construiu uma igreja ao santo, finalizada no ano de 1906. A primeira versão da igreja foi de pau-a-pique e, em 1919, o material foi substituído por estrutura de alvenaria.
O complexo onde está localizada a igreja é composto pelo antigo cemitério, localizado no pátio frontal da edificação, cruzeiro em madeira, campanário com sino, busto de tia Eva e o Centro de Difusão da Cultura Afro-Brasileira. A partir da década de 1960, a igreja de São Benedito passou a ser administrada pela missão salesiana, que permaneceu nessa função por aproximadamente 15 anos. Após esse período, a edificação religiosa voltou para a administração dos descendentes de tia Eva, que organizaram a criação da Associação Beneficente dos Descendentes de Tia Eva com a finalidade de administrar a igreja, organizar a festa de São Benedito e representar os interesses da comunidade frente ao poder público.
Mesmo diante dos tombamentos realizados pelos poderes públicos, a manutenção e conservação da edificação foram realizadas pela comunidade, sem qualquer apoio financeiro por parte do Estado ou da Prefeitura de Campo Grande/MS durante décadas. Somente em julho de 2021, foi apresentado o projeto de restauração da igreja de São Benedito e requalificação do seu entorno imediato à comunidade, que se encontra na fase de captação de recursos, com previsão para início das obras em 2022.
Resultado da parceria entre Estado e Município, uma vez que a “igrejinha” foi tombada por ambos os poderes, o projeto teve a participação direta da comunidade por meio da articulação da associação, dos Conselhos de Patrimônio Cultural, dos órgãos de preservação da Secretaria de Turismo de Campo Grande (SECTUR/PMCG), Fundo Municipal de Investimentos Culturais (FMIC) Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) e da Secretaria Estadual de Cidadania e Cultura (SECIC). Na figura 2 a seguir, a imagem apresenta a perspectiva em 3D de como ficará a região após a conclusão das obras de restauração e requalificação.
Figura 2 – Projeto de restauração da igreja de São Benedito
Para conhecer a igreja de São Benedito e seu entorno clique no link a seguir e realize uma visita virtual em 360º nessas estruturas: https://www.comunidadequilombolatiaeva.com.br/passeio-igreja/